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Governo federal diz que energia voltará à bandeira normal

Por Fabio Murakawa e Matheus Schuch

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que determinará o retorno à bandeira tarifária "normal" nas contas de luz a partir de novembro. Ele fez a afirmação ao discursar em um evento da Igreja Evangélica Comunidade das Nações, em Brasília. O Brasil se encontra atualmente em bandeira tarifária de escassez hídrica, criado neste ano pelo governo dada a falta de água nos reservatórios do Centro-Sul do país.

"Meu bom Deus nos ajudou agora com chuva. Estávamos na iminência de um colapso. Não podíamos transmitir pânico à sociedade. Dói a gente autorizar o ministro Bento [Albuquerque] das Minas e Energia por bandeira vermelha. Dói no coração, dói, a gente sabe a dificuldade da energia elétrica", disse Bolsonaro. "Vou pedir para ele [Bento]. Pedir, não, determinar que ele volte à bandeira normal a partir do mês que vem”, afirmou.

O país vive uma crise hídrica de grandes proporções, o que levou ao acionamento de usinas térmicas, que produzem energia mais cara. Com isso, houve reflexos nas contas de luz, que também tiveram alta.

A crise deste ano foi tão severa que levou o governo a criar a bandeira tarifária de escassez hídrica, com impacto de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos na conta de luz. À época do lançamento, a previsão do governo era que essa faixa durasse até abril de 2022.

O índice mais elevado previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) corresponde à para a bandeira vermelha patamar 2, em que são cobrados R$ 9,492 por 100 kWh consumidos. Na bandeira vermelha patamar um, o adicional é de R$ 3,971 por 100 kWh. Há ainda a bandeira amarela, em que se cobra 1,874 por 100 kWh consumido. Na bandeira verde, quando a situação é de normalidade nos reservatórios, não há nenhum acréscimo nas contas de luz.

Bolsonaro participou ontem da Conferência Global. O evento é promovido há uma década pela Comunidade das Nações, igreja liderrada pelos bispos JB Carvalho e Dirce Carvalho.

No evento, ele se queixou novamente das críticas que vem recebendo por conta das altas dos preços dos combustíveis. E falou em privatizar a Petrobras."Eu não mando na Petrobras. Toda vez que aumenta o preço do combustível, a culpa cai em mim. Será que temos que privatizar a Petrobras ou não? Vamos fazer o que tem que fazer", afirmou.

Horas antes, o presidente havia declarado que irá consultar a equipe econômica sobre o assunto. O chefe do Executivo não entrou em detalhes e não esclareceu se a ideia será incluída, de forma concreta, em sua agenda.

“Tenho vontade, vou ver com a equipe econômica o que a gente pode fazer. Por que o que acontece? Eu não posso... Não é controlar, eu não posso melhor direcionar o preço do combustível, mas quando aumenta a culpa é minha. Aumenta o gás de cozinha e a culpa é minha, apesar de ter zerado o imposto federal, coisa que não acontece por parte de muitos governadores”, argumentou, em entrevista a uma rádio religiosa de Pernambuco.“Eu posso interferir na Petrobras? Posso, mas não devo. Se interferir, vou responder por crime de responsabilidade”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico, 15/10/2021.
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