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Diretora da OMC quer que Brasil amplie oferta de alimentos no mundo

Por Assis Moreira

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, chegará no fim de semana a Brasília, em sua primeira visita à América Latina. E um de seus interesses é saber o quanto o Brasil poderá ajudar a evitar uma iminente crise global alimentar.

Se o Brasil exportar adicionalmente alimentos, poderá ajudar a frear a espiral de alta dos preços globalmente, disse Ngozo em entrevista ao Valor. De seu lado, a mensagem que deverá ouvir do governo brasileiro é efetivamente de que o Brasil é parte da solução, com superavit de grãos e proteínas para atender o mundo.

A diretora-geral da OMC não esconde a preocupação com as repercussões econômicas do duplo choque da pandemia e agora da guerra na Ucrânia sobre a economia e o comércio mundial. O efeito mais imediato da guerra tem sido a forte subida nos preços de alimentos, energia, fertilizantes e alguns importantes minérios, dos quais a Rússia e a Ucrânia são grandes fornecedores para o mercado internacional. As perspectivas são tão incertezas que a projeção da OMC para o comércio de mercadorias neste ano varia de alta de 0,5% a 5,5%.

Ela não descarta riscos de ainda mais tensões geopolíticas, nacionalismo e populismo, protecionismo. Mas faz uma firme defesa do sistema multilateral do comércio, para a resiliência das economias, inclusive em vista de crescentes perigos relacionados à mudança climática.

Ngozi desembarcará em Brasília na noite de sábado. No domingo, participará de de um churrasco. Ela conta que seus filhos, nos EUA, frequentam churrascaria brasileira e consideram o rodízio de carnes “maravilhoso”. Na segunda-feira, se encontrará com o presidente Jair Bolsonaro, fará palestra no Itamaraty e terá reunião com ministros. Na terça-feira, a Confederação Nacional da Industria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) organizam o evento “Diálogo Empresarial” com a diretora-geral da OMC, em São Paulo, quando apresentarão a ela um documento com prioridades do setor, que inclui combate aos subsídios agrícolas e industriais.

Ngozi Okonjo-Iweala assumiu o comando da OMC em março de 2021, e tornou-se a primeira mulher e a primeira africana a atuar como diretor-geral dessa entidade chave na governança global. Antes, foi ministra de finanças da Nigéria (2003-2006 e 2011-2015) e ministra de Relações Exteriores em 2006. Tem uma carreira de 25 anos no Banco Mundial, onde chegou a número 2. É formada pela Universidade de Harvard e tem doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Na final da entrevista, Ngozi comentou sobre a seleção de futebol da Nigéria. Para ela, o time tem muitos bons jogadores, mas precisa de mais entrosamento coletivo. A Nigéria não se classificou para Copa do Mundo da Fifa deste ano, a ser realizada em novembro e dezembro, no Catar.

Leia a entrevista completa na edição de amanhã do Valor Econômico.

Fonte: Valor Econômico, 13/04/2022.
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